9.10.03

Mágica

O cheirinho do purê de batatas com carne moída invade minhas curiosas narinas. Todos aqueles aromas de temperos e condimentos pairam por toda a cozinha. Sinto minha mandíbula carregada de saliva enquanto vejo as panelas sendo levadas até a mesa, deixando em seu caminho aquele vaporzinho quente e cheiroso como só os pratos preparados por minha mãe sabem deixar.

Como é que ela consegue? Quando Isso Virar um Blog talvez eu entenda. Mas em sua falsa ingenuidade ainda solta aquele: "Mas nem tinha janta pra você. Eu só esquentei algumas coisas". Eu sorrio, nem sei se por compreender que toda aquela comida tem o gosto de um carinho e um toque de matar qualquer fome, ou se por saber que mais uma vez vou deliciar-me e deleitar-me com uma das melhores coisas nessa vida: um jantar "quebra-galho" preparado pela "Dona" Cozete.

Ahh se vocês pudessem sequer sentir o cheirinho daquele arroz, que podia ser como qualquer outro, mas não é. Daquela torta de abobrinha, que poderia ser qualquer uma, mas não é. E o purê? Ahhh o purê!!! Deleite sem fim, que várias das minhas noites de prazer intenso não alcançariam mesmo que fossem multiplicadas dezenas de vezes.

Que mãos são aquelas que preparam refeições mágicas? Que sensibilidade é aquela que pode adivinhar quando a comida atinge, ainda na panela, o ponto onde deixa de ser deliciosa e passa a ser inesquecível? Que poder é esse, que faz neste rapaz nascer uma Síndrome de Édipo Culinária?

Satisfeito e saciado, eu finalmente deixo a mesa, quase colocando em dúvida o quanto vale a pena morar sozinho. E "Dona" Cozete me presenteia mais uma vez, categoricamente afirmando que posso ir jantar lá quando quiser. Em meus ouvidos apenas pareço ouvir ela dizer que posso sonhar os mais belos sonhos em todas as noites que desejar.

E como filho ingrato que sou, saio da casa de minha mãe já com muitas saudades dela, mas também já pensando em qual vai ser a deliciosa surpresa na próxima vez em que eu for jantar lá.

Alguém me acompanha?

See Ya