21.2.07

Distribuição Realmente Simples

Embora essa tecnologia tenha sido criada na década de 90, o RSS (Really Simple Syndication) tornou-se muito popular apenas há alguns poucos anos, principalmente com o avanço do famigerado conceito de Web 2.0.

Em linhas gerais, essa tecnlogia permite que as publicações de um site (seja um blog, um site de notícias ou um repositório de vídeos) sejam recebidas (normalmente em forma de título e cabeçalho da publicação) e lidas por programas (RSS Readers), que alertam seus usuários das novidades contidas no referido site.

Infelizmente diversos bons blogs e sites não possuem esse recurso, embora seja bastante fácil colocá-lo a disposição dos leitores e também, ler os RSSs dos sites de seu interesse.

Acredito que alguns dos leitores do Quando Isso utilizem RSS para manterem-se atualizados com os posts quase bissextos do blog, mas de qualquer forma, se alguém não usa (ou gostaria de disponibilizar isso em seu próprio site), os parágrafos abaixo servirão de ajuda, espero.

Para aqueles que desejam receber os posts do Quando Isso (ou qualquer outro site que disponibilize seu conteúdo via RSS), atentem para os íconea abaixo:

RSS Icon RSS Icon RSS Icon

Em geral, a representação indicativa de que o site possui um RSS Feeder é um desses três ícones, mas claro qu eisso pode variar. Qualquer que seja o ícone, para poder receber as notificações, é necessário ter um programa que leia o RSS. Eu particularmente indico o RSSOwl, da Mozilla, para usar como um programa separado, no seu computador, ou o Google Reader, para poder receber os RSS de forma parecida com que se acessa o GMail.

Depois de instalar (o RSSOwl) ou cadastrar-se (no Google Reader), basta clicar com o botão direito do seu mouse sobre um dos ícones acima, no site desejado, e escolher a opção "Copiar Link" ou "Copiar atalho". Depois é só colar o resultado dessa operação no local apropriado do leitor de RSS da sua escolha e adicionar o endereço. Fácil, fácil. Por exemplo, a URL do RSS do Quando Isso é http://quandoissovirarumblog.blogspot.com/atom.xml.

Para aqueles que desejam disponibilizar o conteúdo de seu blog ou site via RSS, darei duas dicas: se você usa o Blogger, basta ir até as configurações de seu blog, clicar na aba "Site feed" e escolher a forma de exibição dos posts (eu uso "short"). Depois clique em salvar configurações e pronto: coloque um dos ícones acima com o link http://SEUBLOG.blogspot.com/atom.xml e todos poderão (com as dicas acima mostradas) acessar seu conteudo via Google Reader (ou outro leitor de RSS).

A outra forma de disponibilizar o conteúdo (se você não usa o Blogger) é cadastrando-se num dos muitos sites de RSS Feeding, como o FeedBurner. Lá as instruções são simples e claras.

A distribuição de conteúdo fica cada vez mais simples (sem trocadilho) e o RSS só vem provar isso. Saber como e para quem distribuir o que você publica pode ser o diferencial que transformará seu site num grande centro de visitação. Mas a história é sempre a mesma: não adianta distribuir se o material for um lixo. Então use as dicas acima e aproveite para questionar o conteúdo do seu site ou blog.

See Ya

20.2.07

Sobre como isso tem a ver com aquilo -- de novo

Depois do referendo sobre a comercialização de armas; depois das eleições para presidente em clima de Palmeiras x Corinthians; agora é -- novamente -- a vez da redução da maioridade penal. Volta e meia o assunto ressurge, geralmente na esteira de algum crime chocante, como é o caso recente do menino João Hélio. Aí me lembrei que em abril de 2005 publiquei aqui um post exatamente com esse tema. Várias coisas mudaram desde aquela época (Giulia, por exemplo, agora tem um sorriso cheio de dentes heheh), mas a essência permanece. Então lá vai novamente, ipsis litteris, minha tentativa de contribuição para um debate com uma visão um pouco mais ampla...

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Sobre como isso tem a ver com aquilo

Sábado passado, no fim da tarde, indo ver minha afilhada Giulia, peguei trânsito congestionado no caminho para a Marginal do Tietê. Não demorou muito para eu entender a razão: as 57.000 pessoas que foram ao Skol Beats.

Então, na velocidade de "lesma lerda" em que eu estava indo, fiquei olhando os outdoors da Av. Tiradentes. Um deles me chamou a atenção por tratar do plebiscito sobre a redução da maioridade penal.

Os que defendem essa idéia querem reduzir a imputabilidade de 18 para 16 anos, argumentando que os adolescentes infratores devem ir para a cadeia comum. Ainda mais agora, com as recentes e constantes rebeliões na FEBEM.

Ora, não é necessário ser exatamente um gênio para entender que não há fábrica de bandidos maior e mais eficaz que o sistema prisional brasileiro e a própria Fundação Estadual do Bem-Estar (sic) do Menor. Talvez o Congresso Nacional, mas aí já é outra categoria.

Na minha humilde e nada especializada opinião, o que esses obtusos não vêem é que o problema está na outra ponta, aquela da desigualdade social que ganhou para o Brasil a alcunha de Belíndia -- uma pequena e rica Bélgica cercada por uma imensa e pobre Índia, tudo junto nesse "país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza".

Será que não dá para perceber que reduzir a maioridade penal não vai resolver nada? O que é pior, que tende a ficar mais sério? E depois? O que fazer quando o problema aumentar? Reduzi-la ainda mais, até o ponto em que ela vai ser determinada pela idade em que as crianças conseguem empunhar uma arma? Oito anos, talvez? Ou quem sabe os fabricantes descubram materiais mais leves para que os ainda mais novos consigam usá-las também?

Bom, agora vamos voltar ao tal do Skol Beats. Foram 57.000 pessoas pagando de R$ 35,00 a R$ 90,00 para estar lá pulando a noite toda ao som tocado por DJs famosos em seus meios.

(Só uma observaçãozinha: qual é essa de idolatrar DJs como se fossem músicos virtuosos? Porra, o que os caras fazem é misturar músicas! Ou "mixar", para ficar mais sofisticado. É legal e tal, mas é só isso, não é? Ou então eu é que sou ignorante, sinto muito.)

Nas preliminares da megabalada, foram apreendidas dezenas de milhares de pastilhas de ecstasy. Eu mesmo vi no jornal a apreensão de 41.000 comprimidos -- todos em forma de coraçãozinho, que fofo! Sem contar que um subgerente do Banco Real ainda guardou não sei quantos no cofre do banco em que trabalhava. Até que faz sentido...

Já que você teve paciência para ler até este ponto, vamos montar a equação? É até simples: os filhinhos da (tosca) elite deste país enchem o rabo da AmBev com o dinheiro dos pais deles. E, para turbinar as sensações, gastam mais dessa mesma grana com o ecstasy que os faz amar tudo e todo mundo. Só que alguém tem que fazer o trabalho sujo. E o trabalho sujo muitas vezes é feito justamente pelos adolescentes que essa mesma elite quer colocar atrás das grades.

Deu para sacar? Vamos brincar de fazer uma historinha: Doutor Gastão tem um filho, o Gastão Júnior, que tem 19 anos, é muito "popular" e vive de festa em festa, motivo de mal-disfarçado orgulho do Dr. Gastão, temperado com uma preocupação de butique com o menino nesta cidade tão violenta... Júnior, por sua vez, é perito em esbanjar a grana do Dr. Gastão com uma lista de prazeres -- inclusive o ecstasy, que ele compra do Marcos, colega de faculdade (paga) e subgerente do Banco Real. O Marcos compra a droga do seu João Santos, cujo filho, Joãozinho, de 17 anos, vai à boca toda terça-feira buscar a entrega. E é o Joãozinho que o Dr. Gastão quer mandar para a cadeia, afinal a cidade está muito violenta para o Júnior.

(Só um adendo: é claro que isso é uma generalização. E, como toda generalização, é injusta. Sei disso e assumo.)

Enquanto isso a Giulia, cada dia minha linda, sorri para nós seu sorriso sem dentes e tenta comer a orelha do Tigrão de borracha que ela ganhou. É, Gigi, às vezes eu me pergunto se devemos celebrar ou lastimar sua vinda para este mundo...

16.2.07

Remoto

Deitado em sua cama, há horas, simplesmente olhando para o teto, não conseguia dormir. Ao lado da cama, fingindo não dar atenção ao seu sofrimento e agonia, o relógio continuava a marcar suas horas e seus minutos. Tiago sempre acreditara que em algum momento muito remoto no passado, algumas pessoas haviam feito um pacto com os relógios, no qual ficara combinado que os humanos dariam seus segundos e minutos e horas para os relógios, gradualmente ficando sem eles, até que não os tivessem mais. Em retorno, os relógios poderiam mostrar aos humanos quanto do seu tempo fora gasto, e portanto, quanto tempo ainda restaria a ser entregue aos relógios.

Mas relógios, pérfidos e ardilosos, existiam em menor quantidade que humanos, e passaram a acumular tempo de diversas pessoas em suas compassadas e intermitentes entranhas, e logo um humano não sabia mais quanto tempo tinha cedido a um ou mais relógios, e portanto, jamais sabiam quanto tempo ainda restava.

"Escravizaram-nos", pensou Tiago, em voz alta.

No quase-silêncio de seu quarto, procurou aproveitar cada sílaba que pronunciara. Sentiu o som escapolir de sua boca, de sua mente. E fazendo força pra escutar as últimas reverberações de seu discurso para o nada, terminou por ouvir algo vindo do teto. Um zunido, a princípio. Um amargo e lento zunido, tomando forma em pequenas e rápidas alterações de tom.

"Uma voz. Não! Duas vozes", pensou novamente, mas dessa vez sem propelir oxigênio de seus pulmões. Quieto, como pronto para dar o bote, Tiago entendeu que o casal que morava no apartamento de cima estava discutindo, brigando. Fechou os olhos e se concentrou em tentar discernir alguma palavra, algum xingamento, algum insulto, mas o som desapareceu. Quase tomado de tristeza por ter perdido a quase-companhia que acabara de ganhar, abriu os olhos, procurando no teto certa esperança. E antes que pudesse cessar as buscas, voltou a ouvir a discussão. Deviam estar perto da janela, agora, mas Tiago não pensou nisso. Não pensou em nada, para não afugentar o som.

"Você acha que eu sou cego? Que não vi vocês trocando olhares na pista?", disse ele. A voz era irritada, muito irritada. Máscula e irritada. Quase-descontrolada. Um sussuro ainda mais baixo, um choro, era proferido pela contraparte da discussão.

Um barulho seco e agudo. "Isso é pra você deixar de ser vagabunda! Sua piranha!".

Tiago não movia um músculo. O choro aumentava de volume e intensidade, e de alguma forma Tiago imaginava que o choro estava sendo abafado. Talvez um travesseiro. Talvez.

"Não faz essa cara de coitada, não. Se você acha que estou te maltratando, você vai ver o que vou fazer com aquele filho da puta, amanhã. Não, senhora, vem cá!". E um barulho de queda, de tombo, vibrou no teto. Pés de cama arrastados. O choro abafado lentamente transformando-se em um choro de medo e agonia. Mas ainda abafado. Não era um travesseiro. Talvez um mordaça?

Tiago não se sentia confortável. Uma fraca dor de cabeça pronunciava-se nas têmporas e o suor do corpo transferindo-se para o lençol mal estirado dava uma sensação de leve formigamento. A cada pequeno mover da cama, no andar de cima, com força, com raiva, o choro oscilava. O ritmo compassado da cama, do amortecer do colchão trouxeram à mente do garoto um pensamento libidinoso. Ruborizou e o suor continuou a escorrer-lhe pelo corpo, enquanto o entumescimento dentro de sua bermuda velha e confortável tornava-se visível. Foi trazido de volta do pequeno delírio momentâneo por um barulho mais estridente, como um tapa. O pequeno choro virou-se em grito. Sem perceber porque, Tiago sentou-se na cama. Sua dor de cabeça aumentava.

"Gostou, né, vadia? Agora vamos tomar banho, e você vai ver o que é bom!". O choro ainda abafado foi acompanhado de outro baque, que lembrou Tiago das peças de carne que ele jogava nos balcões de madeira do frigorífico antes de lavá-los. E assim como no frigorífico a peça de carne foi sendo arrastada. Ele podia sentir o atrito do corpo da garota contra o solo, percorrendo em diagonal o quarto, enquanto ela parecia se debater, isso sim, felizmente, diferente das peças do frigorífico.

Seguiu o movimento com os olhos, pelo teto, mas uma inquietação fazia suas mãos formigarem. Aquilo não parecia ir nada bem. Seus olhos foram percebendo o diminuir do som, e seus ouvidos anteciparam o barulho liso, frio e duro que viria logo depois, quando seus olhos encontraram a porta do banheiro, no canto do quarto. Levantou-se, mas a tontura o fez sentar-se novamente. Segurou-se na cama, arfando, suando, ouvindo e sentindo suas têmporas latejarem. Ouviu a porta do banheiro bater, como um impulso para colocá-lo de pé. Olhou para o telefone, que como o relógio, fingia não presenciar nada daquilo. Pensou em chamar a polícia. Levantou-se e ouviu o barulho de água enchendo algo que todos os banheiros do prédio tinham em comum: uma banheira. Ouviu uma pancada contra a pedra da banheira. Uma joelhada talvez, ou uma cabeçada. Sentiu náuseas e precipitou-se para o banheiro.

Acendeu a luz do cômodo azulejado de branco com flores amarelas e olhou para a banheira, enquanto ouvia gemidos e gritos mais abafados ainda, quase-borbulhantes. O barulho da água sendo remexida não o deixava ouvir direito. Respirou fundo e foi até a pequena janela, quando ouviu o arfar da garota, como que saindo de um longo e desagradável passeio sob a água.

"Não me machuca mais, por favor.. não me mata!", chorou ela. Ouvia os pingos que desciam do rosto da menina e chegavam à superfície e tentava imaginar quantos daqueles eram lágrimas. E antes que pudesse adivinhar, ouviu o grito dela sob a água: sufocante, asfixiante, agonizante. Os pés e pernas debatendo-se contra o azulejo num bizarro, veloz e agoniante sapateado.

"Agora você nunca mais me trai, sua vaca!". Tiago repetiu a fala do homem, balbuceando e sentindo um calor que percorria sua espinha. Precisava ajudá-la, e tentaria fazê-lo antes que sua cabeça explodisse em dor.

Saiu correndo pela porta do apartamento, desesperado, ainda meio tonto, e subiu as escadas. Tentava não fazer barulhos nas velhas escadas de madeira, para que o barulho não o fizesse deixar de escutar a pobre garota se afogando e tentando buscar o ar em seus últimos alvéolos. Parou diante da porta e só então se deu conta que estava apenas de cuecas e que não havia trazido sequer uma faca de cozinha para se defender, caso o insano homem tentasse juntá-lo ao destino de sua quase-morta namorada.

Balançando a cabeça para arrancar essas preocupações - e a dor - ele se afastou da porta e se preparou. Deu dois passos rápidos e socou a porta, forte, alto, rápido. Ainda podia ouvir os frágeis pés da garota tentando arrancar algum atrito do chão liso do banheiro. Socou de novo.

"Droga! O que eu estou esperando? Que ele abra educadamente a porta?", falou baixo para si mesmo, e afastou-se novamente na intenção de correr e arrombar logo a porta. Percebeu alguém saindo de outro apartamento, mas não intimidou-se. Preparou-se e ergueu a perna para desferir o golpe na porta. Ouviu então o ferrolho da porta abrir-se. Ouviu o som da maçaneta girando. Ergueu a faca, por impulso, para atacar o maníaco de mãos molhadas e braços fortes que encararia num segundo. O vão entre a porta e o batente começou a surgir e aumentar, mostrando uma fraca luz amarelada que vinha do apartamento e em seu caminho iluminava o tísico e frágil rosto de uma senhora.

"Pois, não? Quem é? O que está acontecendo?", o ensonado rosto perguntava.

"O homem, o homem! No banheiro. Vai matar a garota!". Em sua ânsia, Tiago não percebeu que a senhora era quase-cega.

"Que homem? Eu vivo sozinha aqui!", retrucou ela.

"Mas.. mas..", Tiago olhou para o chão e antes de cair de joelhos e desmaiar, ouviu, dentre as escuras e tortuosas fendas do assoalho, a quase-voz borbulhante e abafada da quase-garota cessar, e o decisivo baque de suas quase-pernas contra o quase-chão quase-molhado e quase-frio e quase-liso e quase-real.

See Ya

14.2.07

R.I.P.

Começou como um certo desconforto, uma sensação de ser permanentemente observado. Convivi um tempo com ele, mas o incômodo cresceu. Então num belo dia o processo começou. Primeiro eliminei as fotos, depois os bilhetinhos, por fim os depoimentos. Mas eu continuava ali, visível, presente. Volta e meia eu dizia: "é hoje que eu acabo com isso tudo", mas continuava adiando. O hábito, sabe como é? Até que, simbolicamente, aproximou-se meu aniversário. Inferno astral, essas coisas. E uma tia tem a teoria de que as pessoas morrem entre um mês antes e um mês depois de seus aniversários. Achei que era uma boa hora e, finalmente, criei coragem... Cliquei em "excluir conta", e afinal consumei irrevogavelmente meu orkuticídio.

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Bom, historinha à parte, realmente "deu pra ti", como dizem meus amigos gaúchos. Cansei da exposição, das pressuposições, da vitrine. Uns dois anos e meio atrás, quando recebi o convite de um amigo -- ele mesmo já fora do orkut --, eu nem tinha idéia do que se tratava. Aí entrei, me familiarizei, e foi até bem divertido por um tempo. Foi legal ser reencontrado por pessoas queridas de um passado remoto e não-tão-remoto-assim, participar de ou ter comunidades divertidas, saber dos aniversários de quem eu não sabia, receber o carinho de pessoas que me honram com a presença nas minhas apresentações, ter mais uma forma de contato com amigos, e por aí vai.

Só que, com o tempo, a coisa foi tomando outra cara e ficando meio Big Brother demais (mais uma vez: o do Orwell, não o da Globo!). Não estou falando aqui dos riscos de seqüestro, roubo, violência desse naipe. (Aliás, alguém viu o filme "A Rede", com a Sandra Bullock? É meio datado -- tá, é beeem datado --, mas é curioso e toca nesse ponto. E é divertido ver o povo brigando por um disquete heheh... Divago, porém: voltemos ao assunto em pauta.) Sei que o perigo existe e inclusive vai bem além das comunidades virtuais.

Mas o meu foco é o risco da "perda de novidades", por assim dizer. A perda da privacidade. A perda da surpresa. Dos encontros e desencontros aleatórios. Para exemplificar: um cara que eu conheço conheceu uma mina no chat de um desses sites de relacionamento. Eles combinaram um encontro. Só que, antes, ele descobriu o orkut dela (que ela não havia falado, mas ele juntou informações daqui e dali) e já foi encontrá-la sabendo em que colégios ela estudou, quando terminou o colegial, que faculdade faz, que balada/praias freqüenta, de que tipo de som gosta. E já preparou toda a sedução de antemão, afinal sabia como agradar.

Pode ser que este seja o novo e natural jeito de se relacionar. Beleza, divirtam-se. Mas fica aqui o manifesto de um tiozinho por mais espontaneidade nos relacionamentos. Hoje morri no orkut -- e com isso espero ter renascido para a possibilidade de algumas descobertas...

13.2.07

Ué, mas não é a mesma coisa?

Mais uma "crônica da vida cotidiana". Dia desses, eu conversava com uma pessoa que havia conhecido pouco antes. No decorrer do diálogo, mencionei que gosto muito de estudar, que sou um "nerd de carteirinha". O comentário que ouvi em resposta foi bem curioso: "Adoro aprender e conhecer, mas detesto estudar", ou algo bem parecido.

Ora, eu, que estou nessa de trabalhar com educação há anos, já cansado de falar sobre ensino e aprendizagem, nunca havia parado para pensar sobre aprender/conhecer de um lado e estudar de outro. E não é que é óbvio que não são sinônimos??? Mas, como diz uma amiga muito querida, o óbvio só é óbvio para olhos bem treinados.

É fato que existem muitas escolas por aí que fingem que ensinam para alunos que fingem que aprendem (viva o lugar-comum, êêêêê!!!). E assim vão "estudando". E também assim ambos, professor e aluno, perdem grandes chances de efetivamente aprender e conhecer.

Vejam que, ao contrário de outra máxima do lugar-comum, isso não se limita a este ou àquele contexto; mas é, infelizmente, generalizado. Acredito que meu interlocutor tenha tido acesso às "melhores escolas", mas isso não o impediu de ter a tal percepção. O que será que nos levou a este (triste) cenário? Por que tanta apatia nas escolas? Tenho cá minhas hipóteses, mas isso é assunto para outro post -- quem sabe um dia.

Por enquanto o que tenho a dizer é que concordo, Cyro, e altero minha afirmação inicial: mais que de estudar, gosto muito de aprender e conhecer -- como você. E quando estes são promovidos por aquele, ou seja, quando o estudo cria oportunidades ricas para o aprender e o conhecer, aí sim acredito que a educação esteja realmente cumprindo seu papel!