11.10.03

Insônia - Parte Um

Foi aquele sonho. Eu tenho certeza que foi aquele sonho. Foi aquele sonho que me trouxe aqui e me colocou nessa cama, deixando todos pensarem que agora eu sou um louco, um demente, alguém sem consciência. Mas não adianta começar a contar a história pelo final. Eu quero contar desde o começo.

Era agosto. Os dias eram amenos e as noites muito frias. Durante uma dessas noites eu tive um pesadelo. Mas não um pesadelo comum. Aquele fora o pior pesadelo de toda minha vida até aquele dia. Eu sonhei que estava saindo de um parque de diversões e quando eu passava pela bilheteria, havia uma velhinha, uma velhinha comum, que pegava os ingressos de quem entrava e agradecia pela visita aos que saíam.

E enquanto eu saía, meu olhar cruzou com o daquela amável senhora e de repente eu vi a Essência dela. Bem, eu (assim como você) ainda não sabia o que era Essência, então digamos que eu percebi intuitivamente que ela era má, muito má. Uma mulher vil e sem escrúpulos, capaz de matar, ou de torturar alguém.

Quando eu percebi isso, minha ânsia de atacá-la e evitar que ela cometesse outras atrocidades transformou-se em fúria, e pulando o corrimão que me separava da bilheteria eu comecei a me aproximar dela. Nesse momento algo estranho aconteceu. A velhinha, que até agora parecia apenas uma “personagem” do meu sonho, pareceu ter percebido conscientemente minha fúria contra ela e com violência fechou a única janela que dava acesso à bilheteria.

Eu olhei em volta e de repente havia um rodo em minhas mãos. Sem pensar em me controlar eu comecei a golpear o vidro da janela com o rodo e em alguns instantes ele estava em pedaços. Eu invadi a bilheteria e a velha senhora me encarava. Ela começou a rir…. Ela começou a rir….

Como acontecem nos sonhos, em minhas mãos surgiu uma faca, como aquelas de fatiar carne, com uma lâmina larga e um cabo de plástico duro e preto. O resto você já deve estar imaginando. Eu saltei sobre ela e comecei a golpeá-la. E ela continuava com seu riso que agora se tornara uma gargalhada. Com minha fúria aumentando a cada risada, eu segurei bem firmemente a faca e fatiei, como se fatia uma peça de queijo, a sua cabeça, separando toda a pele do rosto do resto da cabeça. Nesse ponto os risos dela aumentaram e eu fiquei com mais raiva e muito mais medo.

Acho que meu próximo movimento foi algo realmente sanguinário, e o ponto alto do meu sonho de terror: eu me joguei sobre ela e apoiei a lâmina onde antes estava seu nariz. Então eu pressionei e sua cabeça foi partida feito um repolho. Era o fim da velha maldita. Mas não do meu pesadelo.

Antes de largar o corpo inerte daquela mulher no chão, eu ainda olhei para dentro do crânio dela e com toda a força que me restava comecei a esmigalhar o cérebro dela com a faca e no segundo seguinte eu me vi jogando os pedaços do corpo dela num latão de lixo. Só então eu acordei.

Você pode pensar que eu estva banhado em suor e ofegante, mas não. Eu estava paralizado, quieto, sem voz, encolhido entre meus medos e o frio que estava sentindo, já que durante o sonho eu tinha jogado minhas cobertas para longe. Minhas pernas estavam enrijecidas, meus olhos, já abertos, não enxergavam nada além das cenas do pesadelo. Olhei para o relógio e entre vísceras esfaceladas ví que eram quase seis da manhã. Hora de acordar.

See Ya