10.8.07

Pense OG

Pense ÃO? Não.



Em 2003 o jornal O Estado de São Paulo lançou uma campanha publicitária utilizando cachorros que dizia que "credibilidade é tudo", acusando a concorrência de ter um latido esganiçado, fino, sem crédito. Agora eles voltaram a atacar, dessa vez com macacos, a blogosfera e seu crescente papel na criação e distribuição de informação.

Eles tratam todos os blogueiros como macacos ou como o estereótipo do nerd ou como o gordinho que fica em casa coçando o saco e escrevendo besteiras na internet.

Deveras interessante. Será que eles consideram macacos os blogueiros que estão em sua folha de pagamento? Será que eles tem medo que a idéia da informação colaborativa se propague até afogar a imprensa de rabo preso e costas quentes como a que eles representam? Será que eles não se deram conta do ridículo que é acusar seus próprios leitores de serem incapazes de qualquer leitura crítica sobre a informação que obtêm?

O conceito de informação vinda de "amadores" pode e deve mudar a forma como se encara as notícias e não as notícias em si. Opiniões em primeira pessoa, muitas vezes direto do centro da notícia, incentivando o leitor a opinar, entender e pensar. Informação sem bandeira assusta, especialmente os que preferem manter as opiniões e notícias a seu favor. Qual a credibilidade você pode dar a um jornal que tem uma opinião generalizante, não crítica e burra sobre os blogs (e principalmente sobre os blogueiros)? Acredito que a informação sem qualquer fundamento vem do Estadão.

Abaixo segue o banner de Eduardo Fernandes, que representa uma contra-campanha direcionada ao Estadão e sua "brilhante idéia". o Quando Isso Virar Um Blog apóia.



Pense OG.

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3.8.07

Esse é o nosso mundo

Quando criança, eu adorava fazer dezenas de coisas ao mesmo tempo. Em época de EXPOSEL (a feira de ciências do meu colégio) eu ficava praticamente insano, finalizando projeto, montando maquetes, resolvendo problemas, e muitas outras coisas, o que me deixava absurdamente ansioso, fazendo com que eu comesse menos, dormisse menos, etc... O mesmo se dava na Semana de Arte ou em outros "projetos de escola". Além disso eu tinha o hábito religioso de brincar (sozinho) com meus Comandos em Ação, ao ponto de ter eventos semanais, mensais ou anuais com meus brinquedos. O fato é que quando criança eu sempre estava envolvidos com mais "projetos" do que simplesmente ir às aulas. Confesso que cheguei a arriscar aulas de natação, campeonatos de futebol de botão oficial, aulas de baseball, mas nunca me dei bem com atividades puramente físicas.

Na adolescência eu conheci o RPG, os card games, as baladas, o teatro, e também a necessidade de ter alguma grana minha, o que resultava na auto-exploração da minha força de trabalho mental (já que eu sempre fui um ótimo - e modesto - aluno) para dar aulas particulares a alunos que tinham notas baixas. Também fazia um ou outro bico pra levantar uma graninha, e continuava indo à escola (com os mesmos projetos de ciência e artes) e depois á facudade (que era integral). Lembro de, aos 18 anos, ter ficado 63 horas acordado, entre aulas na faculdade, baladas, RPG e dar aulas paticulares. Hiperatividade pura e simples. Eu era muito feliz.

Pouco mais de dez anos se passaram desde então, e muitas coisas aconteceram nesse meio tempo: mais RPG, mais card games, largar a faculdade, namorar, sair de casa, arrumar emprego, tentar ter meu primeiro negócio (que era uma pastelaria), cuidar de casa, cudar de pessoas. E nesse meio tempo, não faltaram outros projetos. Alguns finalizados, outros não, mas eu continuava a acreditar que podia "fazer tudo".

Fazer tudo. Ler tudo. Saber tudo. Conhecer tudo.

Sim, faz parte do crescimento e do aprendizado dos seres humanos (deixando de lado toda a questão de condições para tal e cultura) passar por essa "fase". Contudo, hoje eu sinto que grande parte das pessoas sentem-se obrigadas a manter essa "fase" por tempo demais. O ritmo frenético e alucinante que nosso meio de vida nos impõe faz com que tenhamos de ser múltiplos e pró-ativos. Nunca temos trabalho suficiente, nunca temos dinheiro suficiente, nunca temos coisas suficientes, nunca temos experiência suficiente, conhecimento, músicas em nossos iPods, idéias pra ficarmos milionários. Nada é o bastante e nada nos satisfaz e no entanto estamos sempre "cheios".

Veja que não acredito que devamos escolher caminhos menos múltiplos, e os que me conhecem sabem que nem de longe sei fazer essas escolhas. Sou um programador, mestre de RPG, estudante de biologia e produtor de filmes. Eu continuo sendo múltiplo, como sempre fui. Mas gostaria que as pessoas refletissem muito mais sobre suas "cheias" vidas. Pra onde você está correndo tanto? Dentre tantas coisas que você faz, é capaz de separar os "quereres" dos "deveres"? As quantidades são ao menos equilibradas? Se é seu desejo genuíno continuar seguindo tantas trilhas ao mesmo tempo, faça e não olhe para trás. Se for tão recompensador (e também doloroso) como tem sido pra mim, ainda melhor.

Mas e se não for? Até quando você vai querer mais um curso, mais uma especialização, mais um freela, mais um trabalho, mais um filho, mais um casamento, mais um real, mais um "projeto"? Quantas vezes você se sente cansado até mesmo para descansar?

Nosso modo de vida quer nos drenar, nos obliterar, nos fazer correr tanto a troco de nada e fazer tanto sem saber porque, para que depois só nos reste ficar inertes, incapazes de pensar fora das peças que compõem os mosaicos de nós mesmos, conectados todo o tempo em coisas e tarefas e projetos que por si só são ocos e insipientes. Presos em ciclos e vícios que nem sabemos quando nasceram e julgamos nossos de nascimento. Em uma palavra: controle. Controle para nos impedir de pensar e refletir e, principalmente, reagir.

See ya

PS: quando, mais novo, eu ouvia Renato Russo dizer "esse é o nosso mundo: o que é demais nunca é o bastante", eu concordava e achava que era só a forma como nós, adolescentes - na época - víamos o mundo dos "adultos". Errado. Era - e ainda é - a forma certa de encararmos as coisas.


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1.8.07

ScribeFire

Ao que parece esta ferramenta permite criar posts para o Quando Isso Virar um Blog diretamente do browser. Seria mais útil se eu realmente escrevesse alguma coisa no blog, né?

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14.6.07

Knock, knock

Tem alguém aí?

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4.4.07

Rápidas de hoje

Esse ano os gênios do Departamento de Gestão de Pessoas da empresa onde trabalho só tinham 18 reais aprovados para o brinde de Páscoa dos funcionáriso. Dezoito reais total, não por pessoa. E sabe qual foi a genial idéia? Comprar UM ovo de Páscoa (ao preço de R$17,99) e sortear entre todos os funcionários dos 3 andares da empresa. E pasmem, o mesmo foi repetido para as outras unidades da empresa, pelo menos em São Paulo.

No meu departamento, e em alguns outros as pessoas pediram para que seus nomes fossem retirados da listagem de sorteio. Sugerimos que o ovo fosse dado para a copeira do nosso andar, mas ao que parece eles preferem continuar tentando o sorteio. Pensei em comprar um saco de bombons e distribuir amanhã na empresa, mas acabei desistindo: sinceramente preferia que eles tivessem solenemente ignorado a data ao invés de fazer uma palhaçada dessas.

* * *

Fui assistir a O Cheiro do Ralo, do diretor Heitor Dhalia, baseado na obra homônima de um dos meus grandes ídolos (e gosto de pensar que somos amigos também), Lourenço Mutarelli. É, sinceramente uma das melhores adaptações que eu já vi na minha vida. Texto impecável, atuação impecável, direção de arte impecável. Sem falar da participação do próprio Lourenço, que foi no mínimo, brilhante. Confetes à parte, o filme é muito bem produzido, conduzido e dirigido. A história, como a do livro, é cativante e fascinante.

Lourenço Mutarelli é um autor bastante visceral, que consegue revirar suas próprias tripas, assim como as nossas, para mostrar um lado humano que sempre tentamos esconder: no fundo, nós somos nós mesmos, e não há nada que possamos fazer a respeito. Em suas obras, a caracterização e as relações entre personagens, situações e sensações (principalmente sensações) dá dimensão e vazão ao que somos de verdade, por trás de máscaras e óculos e empregos e aparências. E felizmente o filme conseguiu captar isso muito bem. Agora levantem essas bundas daí e vão ver o filme. Agora.

Tá bom, tá bom. Podem ver o trailer antes.

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19.3.07

Desfigurações avançadas

Ele era grande e gordo. Ele era bobo. Ele estava com raiva e com medo. Ele estava rápido e direto na minha direção. Ele estava louco, mas não estava armado. Eu estava. A pedrada no peito foi efetiva. Dura, fria e acinzentadamente efetiva. Ganhei a parada e o dia, mas não levei a pedra comigo. E em casa, ao invés de apanhar do meu pai depois dos protestos da mãe do garoto, ganhei uma vaga na escola de beisebol.

* * *

De todo o túmulo de Fabiano, o que mais me impressionava era a pedra que recobria o local. Parecia-me um filtro, uma lente que o transformava em algo frio, distante, epitáfico. Quando eu finalmente tive a coragem de arrebentá-la com a marreta, não estava vandalizando ou me rebelando: só estava procurando o sorriso e o calor do meu amigo.

See Ya

12.3.07

Quando Isso Virar um Blog

20129 visitas.
312 posts.
3 layouts.
4 anos de Quando Isso Virar um Blog.

Os números refletem já quatro anos em que venho publicando textos com mais ou menos frequência no blog. No meio do caminho ainda fui agraciado com a presença de meu blogmate, Marcelo Barros, e só posso dizer que escrever aqui tem sido muito bom.

Críticas, crônicas, contos, resenhas, homenagens, opiniões, divergências, controvérsias. Muito passou por aqui, e depois desse tempo, algo fica muito claro pra mim: o Quando Isso tornou-se parte inexorável da minha vida. Obteve sucesso em mesclar-se a todas as outras coisas que faço e ficar, permanecer. Mais do que o ato de escrever em si, do que o ato de comunicar, ficou impresso em mim a necessidade de criar. E grande parte do meu processo criativo e o reflexo que ele teve em minha vida está estampado aqui. Em momentos em que não consegui criar (em qualquer aspecto) foram os períodos de menos atividade deste cafofo virtual. Meus humores e sentimentos tornaram-se tantas vezes em palavras e temas e opiniões aqui nessa tela, que hoje é automático transpor para cá quase tudo em que penso. É praticamente impossível passar um dia sem pensar no Quando Isso.

Quando o criei, acreditava que poderia dar vazão a todas as minhas idéias e levá-las onde quer que eu desejasse. Não foi bem assim, é claro, pois não só de idéias vive um blog (há também a divulgação, os links, a qualidade do que se expõe, etc...). Passei por fases onde quis transformá-lo num site, num portal, em algo maior, em algo menor. Momentos em que ele beirou o bloguicídio, seguidos de certos arroubos criativos e mudanças de cara. Mas enfim, ele (e eu, talvez) sossegou e encontrou seu lugar. Hoje não penso em torná-lo um grande site, com milhares de visitas, ou sequer com endereço próprio. Ele vai continuar, tão estanque quanto foi, a alcançar alguns poucos e tentar inspirá-los, desafiá-los, incomodá-los. Foram 4 anos criando moscas nas sopas, pedras nos sapatos. E assim continuará, pouco a pouco, enquanto as sopas e os sapatos existirem.

Procure um novo olhar, deixe a mesmice de lado, inverta suas idéias e sentimentos, critique, pense e repense. Repense você mesmo e seus caminhos. Esteja eternamente insatisfeito. Seja estranho e incômodo por opção e não se importe com as consequências disso. Na pior das hipóteses, poderemos comemorar ainda muitos aniversários juntos, aqui. E se não pudermos, comemoraremos outras coisas.

Feliz aniversário, Quando Isso!

See Ya

10.3.07

Claridade

A batida ritmada e frequente reverberava pela pista, e assim, através do seu corpo. Procurara por ela a noite toda, na pista, no bar, na varanda, nas escadas. Até na saída do banheiro. Havia visto seu tranquilo rosto nas faces embriagadas de centenas de garotas naquela noite, mas vez após outra, eram apenas alucinações. De qualquer forma, toda a bebida e o cigarro não o estavam ajudando.

No fundo de sua mente sabia o que procurava: sexo. De uma forma como nunca quisera antes: sujo, rápido, sem sentimentos ou preocupações. Mas algo obliterava sua mente e sua visão. E fossem as drogas ou os hormônios, não podia fazer nada a não ser procurá-la, ou imaginá-la no corpo de todos ao seu redor.

E no momento em que a primeira lágrima ameaçou jogar-se de seus mórbidos e tristes olhos, ela apareceu. Ali mesmo na pista, dançando como se seu próprio corpo fosse a música. Ainda indeciso, por não saber se era outra alucinação, ele aproximou-se. Mas o olhar que ela lançara em resposta a sua esperançosa busca era inconfundível. Parecia até espanto, de certa forma.

"O que você está fazendo aqui?", ela disse, quase sussurando, embora ele ouvisse muito claramente suas palavras.

"Te procurando!"

"Você devia estar morto!", pela primeira vez ela parecia vacilar em sua impecável forma, em sua extrema e antiga sabedoria.

"Eu sei. Foi o que te pedi. Mas não estou, essa é a verdade". Beijaram-se violentamente.

"Então é isso. Você não está morto. Sinto muito, mas agora não há muito o que eu possa fazer."

"Não pode ser. Você me prometeu, mas já faz uma semana e eu só me sinto mais forte"

"Sinto muito mesmo, mas agora é tarde."

"Não, não.. não me deixe sozinho aqui. Eu estou com medo e com frio. Eu quero... eu quero."

Ela agarrou-o e o pressionou contra a parede. Braços e sombras fundindo-se numa dança macabra e feia.

"O que você quer?", ela indagou, e havia sangue em seu olhar.

"Alguma claridade", respondeu enquanto sentia seus caninos avantajarem-se sobre sua língua. "Eu só quero claridade"

Ela sorriu, e agora seus caninos também estavam visíveis, brancos e longos. Mortos e sedentos. "Então você terá. Mas do mundo que conheceu nada restará e a vida que tanto desprezou, terá de suportá-la etenamente, agora". E o abraçou.

E o restante ninguém viu, mas em seu coração imortal e sombrio ele guardou aquele momento pra sempre.

See Ya

6.3.07

A arte de pensar e refletir



E falando em Calvin, Depósito do Calvin

See Ya

PS: roubei esta tirinha do meu parceiro de blog. Valeu, Má.

5.3.07

Sob as águas do lago

Muitos são os perigos que espreitam nossa frágil espécie nesse mundo. Enquanto muitos pensam poder se gabar de sermos a raça dominante e predadores mais poderosos do planeta, criaturas que vivem sob lagos e pedras e dentro das sombras nos vigiam, nos observam, aguardando um relance de nossa falsa modéstia e nosso excesso de confiança.

Se as cultuamos, ou as caçamos, ou as estudamos, não faz muita diferença. Sempre o que podemos ver dentre as frestas de nosso obtuso conhecimento é o que nos levará à loucura de querermos mais, ou ao tórrido, vertiginoso e emaranhado momento de nossas mortes, nas mãos e bocas e tramas destas aberrações que nos cercam onde quer que estejamos.

Talvez seja ao largo de um bosque, ou ao fundo de um lago revolto, ou mesmo na ágeis sombras de uma sala de cinema. Eles nos encontrarão e de nossos esquálidos corpos tirarão nosso último suspiro, expirado em agonia, como uma criança que não sabe o que se esconde no fundo de uma armário esquecido e poeirento.

E além de nossas pútridas carcaças restarão os conhecimentos que nunca tivemos, os horrores que nunca vimos, as histórias que nunca contamos, além, é claro, de certas patas, garras ou tentáculos pegajosos afastando-se satisfeitos dos restos de corpos e almas que deixaram em seu caminho.

Meu amigo, esperamos todos que você possa descansar em paz. Esperamos que sua alma não esteja se debatendo em algum recanto fétido e sombrio de um lugar para onde todos nós, mais cedo ou mais tarde, também iremos.

See Ya

2.3.07

Pretty special

Estava agora há pouco dando uma olhada no meu Orkut e fui ler as mensagens deixadas no meu último aniversário, em junho de 2006. E uma delas é absolutamente especial. Incrível como algumas pessoas sabem exatamente o jeito perfeito de serem especiais e nos fazerem nos sentirmos da mesma forma. Mais uma vez, como cada vez que leio esse scrap, lágrimas escorreram pelo meu rosto. Um abraço apertado para um dos caras mais fantásticos que eu conheço. Alguém a quem não posso restringir elogios e felicidades. Um amigo de todas e para todas as horas, de quem me orgulho de ser amigo e que tem dividido muitos momentos importantes comigo. Bolinha, eu te amo, velho!

Agora, a mensagem:

Be selfish today, 'cause today is all about you.
Be yourself today, 'cause it sucks to be somebody else.
Be happy today, and try to keep it this way for as long as you can take it.
Be genuine today, tell someboy you love him/her and tell somebody to screw him/herself.
Be cool today, and remember that behind every stupid scrap there's probably a nice intention of someone who probably likes you. Probably.
Finally, be the best fucking friend anyone could ever have today, 'cause you simply can't help it.

E a tradução:

Seja egoísta hoje, porque hoje tudo tem a ver com você.
Seja você mesmo hoje, porque é uma bosta ser qualquer outra pessoa.
Seja feliz hoje, e tente ficar assim pelo maior tempo que puder.
Seja genuíno hoje, diga a alguém que você o(a) ama e diga a alguém para ele(ela) vá se foder.
Seja legal hoje, e lembre-se que por trá de cada scrap estúpido provavelmente há uma boa intenção de alguém qu eprovavelmente gosta de você. Provavelmente.
Por fim, seja o melhor amigo que alguém poderia ter hoje, porque você simplesmente não pode evitar isso.

Obrigado, mano! Você sabe me afogar em lágrimas como poucos.

Ah, e se você gostou do que ele escreveu, deveria tentar o blog dele. Ou esse outro, que também é dele. Ambos imperdíveis.

See Ya

21.2.07

Distribuição Realmente Simples

Embora essa tecnologia tenha sido criada na década de 90, o RSS (Really Simple Syndication) tornou-se muito popular apenas há alguns poucos anos, principalmente com o avanço do famigerado conceito de Web 2.0.

Em linhas gerais, essa tecnlogia permite que as publicações de um site (seja um blog, um site de notícias ou um repositório de vídeos) sejam recebidas (normalmente em forma de título e cabeçalho da publicação) e lidas por programas (RSS Readers), que alertam seus usuários das novidades contidas no referido site.

Infelizmente diversos bons blogs e sites não possuem esse recurso, embora seja bastante fácil colocá-lo a disposição dos leitores e também, ler os RSSs dos sites de seu interesse.

Acredito que alguns dos leitores do Quando Isso utilizem RSS para manterem-se atualizados com os posts quase bissextos do blog, mas de qualquer forma, se alguém não usa (ou gostaria de disponibilizar isso em seu próprio site), os parágrafos abaixo servirão de ajuda, espero.

Para aqueles que desejam receber os posts do Quando Isso (ou qualquer outro site que disponibilize seu conteúdo via RSS), atentem para os íconea abaixo:

RSS Icon RSS Icon RSS Icon

Em geral, a representação indicativa de que o site possui um RSS Feeder é um desses três ícones, mas claro qu eisso pode variar. Qualquer que seja o ícone, para poder receber as notificações, é necessário ter um programa que leia o RSS. Eu particularmente indico o RSSOwl, da Mozilla, para usar como um programa separado, no seu computador, ou o Google Reader, para poder receber os RSS de forma parecida com que se acessa o GMail.

Depois de instalar (o RSSOwl) ou cadastrar-se (no Google Reader), basta clicar com o botão direito do seu mouse sobre um dos ícones acima, no site desejado, e escolher a opção "Copiar Link" ou "Copiar atalho". Depois é só colar o resultado dessa operação no local apropriado do leitor de RSS da sua escolha e adicionar o endereço. Fácil, fácil. Por exemplo, a URL do RSS do Quando Isso é http://quandoissovirarumblog.blogspot.com/atom.xml.

Para aqueles que desejam disponibilizar o conteúdo de seu blog ou site via RSS, darei duas dicas: se você usa o Blogger, basta ir até as configurações de seu blog, clicar na aba "Site feed" e escolher a forma de exibição dos posts (eu uso "short"). Depois clique em salvar configurações e pronto: coloque um dos ícones acima com o link http://SEUBLOG.blogspot.com/atom.xml e todos poderão (com as dicas acima mostradas) acessar seu conteudo via Google Reader (ou outro leitor de RSS).

A outra forma de disponibilizar o conteúdo (se você não usa o Blogger) é cadastrando-se num dos muitos sites de RSS Feeding, como o FeedBurner. Lá as instruções são simples e claras.

A distribuição de conteúdo fica cada vez mais simples (sem trocadilho) e o RSS só vem provar isso. Saber como e para quem distribuir o que você publica pode ser o diferencial que transformará seu site num grande centro de visitação. Mas a história é sempre a mesma: não adianta distribuir se o material for um lixo. Então use as dicas acima e aproveite para questionar o conteúdo do seu site ou blog.

See Ya

20.2.07

Sobre como isso tem a ver com aquilo -- de novo

Depois do referendo sobre a comercialização de armas; depois das eleições para presidente em clima de Palmeiras x Corinthians; agora é -- novamente -- a vez da redução da maioridade penal. Volta e meia o assunto ressurge, geralmente na esteira de algum crime chocante, como é o caso recente do menino João Hélio. Aí me lembrei que em abril de 2005 publiquei aqui um post exatamente com esse tema. Várias coisas mudaram desde aquela época (Giulia, por exemplo, agora tem um sorriso cheio de dentes heheh), mas a essência permanece. Então lá vai novamente, ipsis litteris, minha tentativa de contribuição para um debate com uma visão um pouco mais ampla...

**********

Sobre como isso tem a ver com aquilo

Sábado passado, no fim da tarde, indo ver minha afilhada Giulia, peguei trânsito congestionado no caminho para a Marginal do Tietê. Não demorou muito para eu entender a razão: as 57.000 pessoas que foram ao Skol Beats.

Então, na velocidade de "lesma lerda" em que eu estava indo, fiquei olhando os outdoors da Av. Tiradentes. Um deles me chamou a atenção por tratar do plebiscito sobre a redução da maioridade penal.

Os que defendem essa idéia querem reduzir a imputabilidade de 18 para 16 anos, argumentando que os adolescentes infratores devem ir para a cadeia comum. Ainda mais agora, com as recentes e constantes rebeliões na FEBEM.

Ora, não é necessário ser exatamente um gênio para entender que não há fábrica de bandidos maior e mais eficaz que o sistema prisional brasileiro e a própria Fundação Estadual do Bem-Estar (sic) do Menor. Talvez o Congresso Nacional, mas aí já é outra categoria.

Na minha humilde e nada especializada opinião, o que esses obtusos não vêem é que o problema está na outra ponta, aquela da desigualdade social que ganhou para o Brasil a alcunha de Belíndia -- uma pequena e rica Bélgica cercada por uma imensa e pobre Índia, tudo junto nesse "país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza".

Será que não dá para perceber que reduzir a maioridade penal não vai resolver nada? O que é pior, que tende a ficar mais sério? E depois? O que fazer quando o problema aumentar? Reduzi-la ainda mais, até o ponto em que ela vai ser determinada pela idade em que as crianças conseguem empunhar uma arma? Oito anos, talvez? Ou quem sabe os fabricantes descubram materiais mais leves para que os ainda mais novos consigam usá-las também?

Bom, agora vamos voltar ao tal do Skol Beats. Foram 57.000 pessoas pagando de R$ 35,00 a R$ 90,00 para estar lá pulando a noite toda ao som tocado por DJs famosos em seus meios.

(Só uma observaçãozinha: qual é essa de idolatrar DJs como se fossem músicos virtuosos? Porra, o que os caras fazem é misturar músicas! Ou "mixar", para ficar mais sofisticado. É legal e tal, mas é só isso, não é? Ou então eu é que sou ignorante, sinto muito.)

Nas preliminares da megabalada, foram apreendidas dezenas de milhares de pastilhas de ecstasy. Eu mesmo vi no jornal a apreensão de 41.000 comprimidos -- todos em forma de coraçãozinho, que fofo! Sem contar que um subgerente do Banco Real ainda guardou não sei quantos no cofre do banco em que trabalhava. Até que faz sentido...

Já que você teve paciência para ler até este ponto, vamos montar a equação? É até simples: os filhinhos da (tosca) elite deste país enchem o rabo da AmBev com o dinheiro dos pais deles. E, para turbinar as sensações, gastam mais dessa mesma grana com o ecstasy que os faz amar tudo e todo mundo. Só que alguém tem que fazer o trabalho sujo. E o trabalho sujo muitas vezes é feito justamente pelos adolescentes que essa mesma elite quer colocar atrás das grades.

Deu para sacar? Vamos brincar de fazer uma historinha: Doutor Gastão tem um filho, o Gastão Júnior, que tem 19 anos, é muito "popular" e vive de festa em festa, motivo de mal-disfarçado orgulho do Dr. Gastão, temperado com uma preocupação de butique com o menino nesta cidade tão violenta... Júnior, por sua vez, é perito em esbanjar a grana do Dr. Gastão com uma lista de prazeres -- inclusive o ecstasy, que ele compra do Marcos, colega de faculdade (paga) e subgerente do Banco Real. O Marcos compra a droga do seu João Santos, cujo filho, Joãozinho, de 17 anos, vai à boca toda terça-feira buscar a entrega. E é o Joãozinho que o Dr. Gastão quer mandar para a cadeia, afinal a cidade está muito violenta para o Júnior.

(Só um adendo: é claro que isso é uma generalização. E, como toda generalização, é injusta. Sei disso e assumo.)

Enquanto isso a Giulia, cada dia minha linda, sorri para nós seu sorriso sem dentes e tenta comer a orelha do Tigrão de borracha que ela ganhou. É, Gigi, às vezes eu me pergunto se devemos celebrar ou lastimar sua vinda para este mundo...

16.2.07

Remoto

Deitado em sua cama, há horas, simplesmente olhando para o teto, não conseguia dormir. Ao lado da cama, fingindo não dar atenção ao seu sofrimento e agonia, o relógio continuava a marcar suas horas e seus minutos. Tiago sempre acreditara que em algum momento muito remoto no passado, algumas pessoas haviam feito um pacto com os relógios, no qual ficara combinado que os humanos dariam seus segundos e minutos e horas para os relógios, gradualmente ficando sem eles, até que não os tivessem mais. Em retorno, os relógios poderiam mostrar aos humanos quanto do seu tempo fora gasto, e portanto, quanto tempo ainda restaria a ser entregue aos relógios.

Mas relógios, pérfidos e ardilosos, existiam em menor quantidade que humanos, e passaram a acumular tempo de diversas pessoas em suas compassadas e intermitentes entranhas, e logo um humano não sabia mais quanto tempo tinha cedido a um ou mais relógios, e portanto, jamais sabiam quanto tempo ainda restava.

"Escravizaram-nos", pensou Tiago, em voz alta.

No quase-silêncio de seu quarto, procurou aproveitar cada sílaba que pronunciara. Sentiu o som escapolir de sua boca, de sua mente. E fazendo força pra escutar as últimas reverberações de seu discurso para o nada, terminou por ouvir algo vindo do teto. Um zunido, a princípio. Um amargo e lento zunido, tomando forma em pequenas e rápidas alterações de tom.

"Uma voz. Não! Duas vozes", pensou novamente, mas dessa vez sem propelir oxigênio de seus pulmões. Quieto, como pronto para dar o bote, Tiago entendeu que o casal que morava no apartamento de cima estava discutindo, brigando. Fechou os olhos e se concentrou em tentar discernir alguma palavra, algum xingamento, algum insulto, mas o som desapareceu. Quase tomado de tristeza por ter perdido a quase-companhia que acabara de ganhar, abriu os olhos, procurando no teto certa esperança. E antes que pudesse cessar as buscas, voltou a ouvir a discussão. Deviam estar perto da janela, agora, mas Tiago não pensou nisso. Não pensou em nada, para não afugentar o som.

"Você acha que eu sou cego? Que não vi vocês trocando olhares na pista?", disse ele. A voz era irritada, muito irritada. Máscula e irritada. Quase-descontrolada. Um sussuro ainda mais baixo, um choro, era proferido pela contraparte da discussão.

Um barulho seco e agudo. "Isso é pra você deixar de ser vagabunda! Sua piranha!".

Tiago não movia um músculo. O choro aumentava de volume e intensidade, e de alguma forma Tiago imaginava que o choro estava sendo abafado. Talvez um travesseiro. Talvez.

"Não faz essa cara de coitada, não. Se você acha que estou te maltratando, você vai ver o que vou fazer com aquele filho da puta, amanhã. Não, senhora, vem cá!". E um barulho de queda, de tombo, vibrou no teto. Pés de cama arrastados. O choro abafado lentamente transformando-se em um choro de medo e agonia. Mas ainda abafado. Não era um travesseiro. Talvez um mordaça?

Tiago não se sentia confortável. Uma fraca dor de cabeça pronunciava-se nas têmporas e o suor do corpo transferindo-se para o lençol mal estirado dava uma sensação de leve formigamento. A cada pequeno mover da cama, no andar de cima, com força, com raiva, o choro oscilava. O ritmo compassado da cama, do amortecer do colchão trouxeram à mente do garoto um pensamento libidinoso. Ruborizou e o suor continuou a escorrer-lhe pelo corpo, enquanto o entumescimento dentro de sua bermuda velha e confortável tornava-se visível. Foi trazido de volta do pequeno delírio momentâneo por um barulho mais estridente, como um tapa. O pequeno choro virou-se em grito. Sem perceber porque, Tiago sentou-se na cama. Sua dor de cabeça aumentava.

"Gostou, né, vadia? Agora vamos tomar banho, e você vai ver o que é bom!". O choro ainda abafado foi acompanhado de outro baque, que lembrou Tiago das peças de carne que ele jogava nos balcões de madeira do frigorífico antes de lavá-los. E assim como no frigorífico a peça de carne foi sendo arrastada. Ele podia sentir o atrito do corpo da garota contra o solo, percorrendo em diagonal o quarto, enquanto ela parecia se debater, isso sim, felizmente, diferente das peças do frigorífico.

Seguiu o movimento com os olhos, pelo teto, mas uma inquietação fazia suas mãos formigarem. Aquilo não parecia ir nada bem. Seus olhos foram percebendo o diminuir do som, e seus ouvidos anteciparam o barulho liso, frio e duro que viria logo depois, quando seus olhos encontraram a porta do banheiro, no canto do quarto. Levantou-se, mas a tontura o fez sentar-se novamente. Segurou-se na cama, arfando, suando, ouvindo e sentindo suas têmporas latejarem. Ouviu a porta do banheiro bater, como um impulso para colocá-lo de pé. Olhou para o telefone, que como o relógio, fingia não presenciar nada daquilo. Pensou em chamar a polícia. Levantou-se e ouviu o barulho de água enchendo algo que todos os banheiros do prédio tinham em comum: uma banheira. Ouviu uma pancada contra a pedra da banheira. Uma joelhada talvez, ou uma cabeçada. Sentiu náuseas e precipitou-se para o banheiro.

Acendeu a luz do cômodo azulejado de branco com flores amarelas e olhou para a banheira, enquanto ouvia gemidos e gritos mais abafados ainda, quase-borbulhantes. O barulho da água sendo remexida não o deixava ouvir direito. Respirou fundo e foi até a pequena janela, quando ouviu o arfar da garota, como que saindo de um longo e desagradável passeio sob a água.

"Não me machuca mais, por favor.. não me mata!", chorou ela. Ouvia os pingos que desciam do rosto da menina e chegavam à superfície e tentava imaginar quantos daqueles eram lágrimas. E antes que pudesse adivinhar, ouviu o grito dela sob a água: sufocante, asfixiante, agonizante. Os pés e pernas debatendo-se contra o azulejo num bizarro, veloz e agoniante sapateado.

"Agora você nunca mais me trai, sua vaca!". Tiago repetiu a fala do homem, balbuceando e sentindo um calor que percorria sua espinha. Precisava ajudá-la, e tentaria fazê-lo antes que sua cabeça explodisse em dor.

Saiu correndo pela porta do apartamento, desesperado, ainda meio tonto, e subiu as escadas. Tentava não fazer barulhos nas velhas escadas de madeira, para que o barulho não o fizesse deixar de escutar a pobre garota se afogando e tentando buscar o ar em seus últimos alvéolos. Parou diante da porta e só então se deu conta que estava apenas de cuecas e que não havia trazido sequer uma faca de cozinha para se defender, caso o insano homem tentasse juntá-lo ao destino de sua quase-morta namorada.

Balançando a cabeça para arrancar essas preocupações - e a dor - ele se afastou da porta e se preparou. Deu dois passos rápidos e socou a porta, forte, alto, rápido. Ainda podia ouvir os frágeis pés da garota tentando arrancar algum atrito do chão liso do banheiro. Socou de novo.

"Droga! O que eu estou esperando? Que ele abra educadamente a porta?", falou baixo para si mesmo, e afastou-se novamente na intenção de correr e arrombar logo a porta. Percebeu alguém saindo de outro apartamento, mas não intimidou-se. Preparou-se e ergueu a perna para desferir o golpe na porta. Ouviu então o ferrolho da porta abrir-se. Ouviu o som da maçaneta girando. Ergueu a faca, por impulso, para atacar o maníaco de mãos molhadas e braços fortes que encararia num segundo. O vão entre a porta e o batente começou a surgir e aumentar, mostrando uma fraca luz amarelada que vinha do apartamento e em seu caminho iluminava o tísico e frágil rosto de uma senhora.

"Pois, não? Quem é? O que está acontecendo?", o ensonado rosto perguntava.

"O homem, o homem! No banheiro. Vai matar a garota!". Em sua ânsia, Tiago não percebeu que a senhora era quase-cega.

"Que homem? Eu vivo sozinha aqui!", retrucou ela.

"Mas.. mas..", Tiago olhou para o chão e antes de cair de joelhos e desmaiar, ouviu, dentre as escuras e tortuosas fendas do assoalho, a quase-voz borbulhante e abafada da quase-garota cessar, e o decisivo baque de suas quase-pernas contra o quase-chão quase-molhado e quase-frio e quase-liso e quase-real.

See Ya

14.2.07

R.I.P.

Começou como um certo desconforto, uma sensação de ser permanentemente observado. Convivi um tempo com ele, mas o incômodo cresceu. Então num belo dia o processo começou. Primeiro eliminei as fotos, depois os bilhetinhos, por fim os depoimentos. Mas eu continuava ali, visível, presente. Volta e meia eu dizia: "é hoje que eu acabo com isso tudo", mas continuava adiando. O hábito, sabe como é? Até que, simbolicamente, aproximou-se meu aniversário. Inferno astral, essas coisas. E uma tia tem a teoria de que as pessoas morrem entre um mês antes e um mês depois de seus aniversários. Achei que era uma boa hora e, finalmente, criei coragem... Cliquei em "excluir conta", e afinal consumei irrevogavelmente meu orkuticídio.

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Bom, historinha à parte, realmente "deu pra ti", como dizem meus amigos gaúchos. Cansei da exposição, das pressuposições, da vitrine. Uns dois anos e meio atrás, quando recebi o convite de um amigo -- ele mesmo já fora do orkut --, eu nem tinha idéia do que se tratava. Aí entrei, me familiarizei, e foi até bem divertido por um tempo. Foi legal ser reencontrado por pessoas queridas de um passado remoto e não-tão-remoto-assim, participar de ou ter comunidades divertidas, saber dos aniversários de quem eu não sabia, receber o carinho de pessoas que me honram com a presença nas minhas apresentações, ter mais uma forma de contato com amigos, e por aí vai.

Só que, com o tempo, a coisa foi tomando outra cara e ficando meio Big Brother demais (mais uma vez: o do Orwell, não o da Globo!). Não estou falando aqui dos riscos de seqüestro, roubo, violência desse naipe. (Aliás, alguém viu o filme "A Rede", com a Sandra Bullock? É meio datado -- tá, é beeem datado --, mas é curioso e toca nesse ponto. E é divertido ver o povo brigando por um disquete heheh... Divago, porém: voltemos ao assunto em pauta.) Sei que o perigo existe e inclusive vai bem além das comunidades virtuais.

Mas o meu foco é o risco da "perda de novidades", por assim dizer. A perda da privacidade. A perda da surpresa. Dos encontros e desencontros aleatórios. Para exemplificar: um cara que eu conheço conheceu uma mina no chat de um desses sites de relacionamento. Eles combinaram um encontro. Só que, antes, ele descobriu o orkut dela (que ela não havia falado, mas ele juntou informações daqui e dali) e já foi encontrá-la sabendo em que colégios ela estudou, quando terminou o colegial, que faculdade faz, que balada/praias freqüenta, de que tipo de som gosta. E já preparou toda a sedução de antemão, afinal sabia como agradar.

Pode ser que este seja o novo e natural jeito de se relacionar. Beleza, divirtam-se. Mas fica aqui o manifesto de um tiozinho por mais espontaneidade nos relacionamentos. Hoje morri no orkut -- e com isso espero ter renascido para a possibilidade de algumas descobertas...

13.2.07

Ué, mas não é a mesma coisa?

Mais uma "crônica da vida cotidiana". Dia desses, eu conversava com uma pessoa que havia conhecido pouco antes. No decorrer do diálogo, mencionei que gosto muito de estudar, que sou um "nerd de carteirinha". O comentário que ouvi em resposta foi bem curioso: "Adoro aprender e conhecer, mas detesto estudar", ou algo bem parecido.

Ora, eu, que estou nessa de trabalhar com educação há anos, já cansado de falar sobre ensino e aprendizagem, nunca havia parado para pensar sobre aprender/conhecer de um lado e estudar de outro. E não é que é óbvio que não são sinônimos??? Mas, como diz uma amiga muito querida, o óbvio só é óbvio para olhos bem treinados.

É fato que existem muitas escolas por aí que fingem que ensinam para alunos que fingem que aprendem (viva o lugar-comum, êêêêê!!!). E assim vão "estudando". E também assim ambos, professor e aluno, perdem grandes chances de efetivamente aprender e conhecer.

Vejam que, ao contrário de outra máxima do lugar-comum, isso não se limita a este ou àquele contexto; mas é, infelizmente, generalizado. Acredito que meu interlocutor tenha tido acesso às "melhores escolas", mas isso não o impediu de ter a tal percepção. O que será que nos levou a este (triste) cenário? Por que tanta apatia nas escolas? Tenho cá minhas hipóteses, mas isso é assunto para outro post -- quem sabe um dia.

Por enquanto o que tenho a dizer é que concordo, Cyro, e altero minha afirmação inicial: mais que de estudar, gosto muito de aprender e conhecer -- como você. E quando estes são promovidos por aquele, ou seja, quando o estudo cria oportunidades ricas para o aprender e o conhecer, aí sim acredito que a educação esteja realmente cumprindo seu papel!