20.10.03

Insônia - Parte Quatro
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Repentinamente lembrei-me da garota do metrô. E essa lembrança me trouxe náuseas, mas também me trouxe um som, que ecoava muito distante em meios aos pedaços de carne podre, ao sangue e ao vômito amarelado e pútrido que agora já fazia parte de mim.

“A – E - A”, eu ouvi.

“A – E - A”, e novamente.

Balancei a cabeça e me concentrei. Tentei enxergar algo através dos destroços humanos que jaziam diante dos meus olhos, e ainda podia ouvir a voz.

“Já chega!”, ouvi desta vez. Aquilo causou em mim uma reação muito estranha: eu sentia uma correnteza me empurrar através dos restos humanos e em um segundo eu estava deslizando naquele mar de pedaços mortos e líquidos regurgitados.

Rapidamente, muito rapidamente, eu me aproximei de um burraco escuro, como um ralo, que me atraía de forma inexorável. E mesmo tentando evitar eu não conseguia parar de me aproximar e de ouvir cada vez mais alto aquela voz.

“Já chega!”.

Cheguei ao buraco e meus olhos puderam ver dentro dele uma cabeça flutuando. Uma cabeça pestilenta, pútrida e desmantelada. Uma cabeça conhecida. Sem cérebro. A maldita velha. Aquele rosto desfigurado que eu havia destruido e matado há pouco tempo. Ela estava de volta. Me senti mal, desorientado e sozinho. Desesperadamente sozinho.

O choque de encontrá-la novamente foi grande demais. Acabara de encontrar meu Nemesis, embora eu não viesse a saber disso tão cedo. Eu gritei, e chorei e vomitei e rodopiei... e enfim perdi meus sentidos novamente. Tudo o que pude ver é que ela estava sorrindo…..... Não!!! Ela estava rindo... gargalhando.

See Ya