10.5.04

O tema desgatado

Não via há um bom tempo um tema ser tão desgastado pelas historietas e superproduções de Hollywood como filmes falando sobre ou mostrando vampiros. Eles já foram fantasmas, já viveram em Marte, já frequentaram bares duvidosos, foram caçados, viram o surgimento de híbridos com humanos, novas versões mutantes e até travaram batalhas com lobisomens. Mas paradoxalmente, a condição imortal dessas criaturas não se extendeu para roteiros, produções e viagens envolvendo esses seres: Hollywood matou os vampiros. Pode ter sido o sol da costa oeste, ou vácuo presente na cabeça de roteirstas e produtores, mas o fato é que os vampiros perderam seu charme e seu carisma diante do público.



Assiti a Van Helsing, dirigido por Stephen Sommers, que teve seu cérebro mumificado desde 1999, quando passou a dirigir apenas filmes com múmias (The mummy, The Mummy Returns, The Scorpion King). O filme não chega a ser mediano, e na maior parte do tempo arrasta-se como um recém-nascido monstro do Dr. Frankenstein. A despeito da boa (bem, mediana) atuação de Hugh Jackman, que fez um ótimo trabalho como Wolverine, e de Kate Beckinsale (que também aparece no vampiresco Underworld), somente o trabalho deles não segura o filme, que tem cenários bonitos mas não impressionantes, efeitos especiais apenas aceitáveis (não que eu dê valor apenas a obras grandiosas e impressionantes, mas Van Helsing foi vendido desta maneira e talvez por isso tenha causado esta decepção) e uma história pra lá de forçada para poder enquadrar o trio de vilões da produção: Drácula, Frankenstein e o Lobisomem.

A cria do Dr. Frankenstein, que foi encomendada ao cientista louco pelo próprio Drácula, mais parece um personagem saído de um episódio dos Teletubbies, mas que repentinamente adquire uma inteligência e uma capacidade de raciocínio invejáveis. Os Lobisomens não passam de capachos de Drácula, foram bem desenhados e animados no computador, e confesso que são os melhores vilões do filme. E finalmente Richard Roxburgh (que já encarnou Sherlock Holmes e também seu inimigo, Profº Moriarty) como Drácula deu um banho.... de água fria na audiência. É o Drácula mais pífio, sonso, patético e mal vestido que eu já vi. Bram Stoker amaldiçoe todos os que aceitaram colocar nas telas essa versão ridídula do Príncipe das Trevas.

Enfim, com toda a mistureba que fizeram na história do caçador de vampiros, com todo o absurdo sobre as Ordens Secretas da Igreja Católica e com trilha sonora estranha e indefinida, Van Helsing não emplacou. O filme não chega realmente a começar, e não tem um ápice, pois mantém o mesmo tom o tempo todo, com batalhas longas e repetitivas e texto sem muita criatividade. Não recomendo. Esperem sair o DVD/VHS que compensa assistir.

See Ya