1.5.04

Herói

Você poderia voar alto se assim o quisesse, mas nunca o fez.
Talvez por não querer ser Ícaro.
Ícaro conhecia seu limite, e caiu quando atreveu-se a alcançá-lo.
Mas você não. Você corria ao encontro de seus limites, chocava-se com eles e os ultrapassava.
Sim... você pertencia ao céu. Mas insistiu em voar rente ao chão.
Talvez porque quisesse que o acompanhássemos em seu vôo.
E assim foi.
Voamos em tuas asas e sonhamos teu sonho.
Fomos espelho do teu coração.
Cada sorriso teu era nosso. Cada lágrima tua era nossa.
Cada vitória, cada derrota.
Voamos com orgulho. Tanto de ti quanto de nós mesmos.
Com você, reaprendemos a vencer.
Juntos lavamos nossas almas.


Então aconteceu.
Você nos foi arrancado na frente de nossos olhos.
E nos mostrou que heróis podiam morrer.
E contigo morremos, inevitavelmente.
Morreu nosso sonho, nosso sorriso, nosso orgulho.
Teu legado foi nossa saudade.
Talvez não pudesse mais ficar aqui, e foi de encontro a seus limites.
Em um outro lugar.
Ouviste o chamado de Ícaro.


Mas esse não seria o fim. Nos restava aprender tua última lição.
A maior e mais importante: Heróis não morrem de verdade.
O herói morto virou mito, e o mito é eterno.
E foi assim que passamos a carregá-lo.
Você agora é parte de nossos sonhos.
Existe em nosso sorriso.
Mantê-lo vivo é nosso maior orgulho.
Mas de vez enquando nos lembraremos do nosso herói.
Voando ao encontro dos limites e da vitória.
E nesse momento choraremos.
E nossas lágrimas serão as tuas.
Saudade...


See Ya

PS: o texto acima, colocado aqui no Quando Isso e em mais 3 lugares (2 flogs e um blog), é de autoria de Marcos Ruiz, um grande amigo, grande fã de automobilismo, e que mesmo tendo torcido tão arduamente para um francês que nos irritava muito a cada vez que competia contra nosso herói, sempre soube admirar a grandiosidade, audácia e brilhantismo de Ayrton Senna.