27.2.04

Reflexo

Explosão. Estampido. Grito.

As ondas sonoras foram interpretadas pelo nervo auditivo e a corrida começou. Neurônio por neurônio, o comando foi enviado. Do nervo ótico, mais informação foi adicionada. Pessoas, carros, claridade, violência.

Outros impulsos neurais cruzaram o córtex, tentando adentrar na massa cinzenta. Os centros reguladores dos instintos de luta e fuga começavam a ser acionados. Outro sinal elétrico correu da direita para a esquerda, tentando encontrar as memórias protéicas, mas foi interrompido. A extrema baixa de pressão naquele lado espalhava-se mais rápido do que os atos e arcos reflexos, e o contato repentino com o oxigênio externo arruinou as transmissões corticais.

A pressão interna mudou muito rapidamente no lado esquerdo. Milhares de sinais enviados para verificar o ocorrido e trazer respostas. Houve um início de manifestação dos centros de dor. Sinalizadores de temperatura enviavam sinais de que uma onda de calor se espalhava da esquerda para a direita.

O impacto físico extracorporal jogou o corpo para o lado direito, que já sem respostas, não reagiu. O último impulso elétrico no lado direito do cérebro foi desmantelado pelo metal quente e veloz. O arauto metálico do caos e da finitude, sem controle ou direção, atravessou a última parede craniana. O corpo foi vencido.

Caiu. Inerte.

See Ya

PS: logo vem a segunda parte do Conto do Tempo Presente. Aguardem.