27.1.04

In a darkened room

Acho que nunca vou me esquecer da voz ao telefone me dando o recado que eu nunca gostaria de ouvir.
Nunca vou esquecer do choro covulsivo e abafado por um travesseiro, no quarto de minha mãe.
Nunca vou esquecer das horas de agonia e das tentativas vãs e inocentes de encontrar uma razão para tudo aquilo.
Já se foram dez anos, e mesmo que mais cem tivessem passado diante dos meus olhos, não me esqueceria daquele dia.

Talvez seja minha incapacidade de acreditar que há um lugar melhor, onde anjos te envolvem e bajulam e fazem você rir aquela risada boba, infantil, mas alegre e contagiante.
Talvez tenham sido todas aquelas tardes jogados no sofá, driblando as dificuldades da escola, ao som de Skid Row.
Enfim, nunca vou saber o que você teria feito pra se aproximar de nossa colega, cheio de seu tímido balbucear e se a teria conquistado.
Enfim, ainda hoje não há uma vez sequer em que não me lembro de você quando olho o mar e percebo o quanto gostaria que você ainda estivesse aqui.

Alê, eu guardei sua pasta do Skid, cara! Eu nunca mais a olhei, nunca mais consegui abrí-la.
Eu visitei sua mãe algumas vezes, mas também não consegui! Eu parei de ir lá há uns 8 anos.
Eu já pensei tanto em tudo que poderíamos ter feito juntos que enfim eu acho que entendi melhor a morte e essa vida seca e dura que levamos.
Infelizmente nem todo entendimento do mundo vai te trazer de volta.

Hoje, dez anos depois da sua morte, eu ainda lembro do seu rosto, dos seus olhos, da sua voz, e não esqueço a maior das lições que você me ensinou.
Você me disse uma vez que tínhamos de ser os mais amigos possíveis, pois um dia a vida nos separaria.
Droga!! Por que diabos você tinha de estar tão certo?
Não há alguém de quem eu sinta mais falta hoje do que você, velho amigo!

Descanse em paz, Alexandre Pendl.

Peço perdão aos meus leitores que não gostam de letras de músicas espalhadas pelos blogs, mas está é uma letra muito especial e não poderia deixar de colocá-la aqui.

In A Darkened Room

Skid Row


In a darkened room
Beyond the reach of God's faith
Lies the wounded, the shattered
remains of love betrayed
And the innocense of a child is bought
and sold
In the name of the damned
The rage of the angels left silent
and cold

Forgive me please for I know not
what I do
How can I keep inside the hurt
I know is true

Tell me when the kiss of love
becomes a lie
That bears the scar of sin too deep
To hide behind this fear of running
unto you
Please let there be light
In a darkened room

All the precious times have been put
to rest again
And the smile of the dawn
Brings tainted lust singing my requiem
Can I face the day when I'm tortured
in my trust
And watch it crystalize
While my salvation crumples to dust

Why can't I steer the ship before
it hits the storm
I've fallen to the sea but still
I swim for shore

Tell me when the kiss of love
becomes a lie
That bears the scar of sin too deep
To hide behind this fear of running
unto you
Please let there be light
In a darkened room


See Ya