7.1.04

Caminho de volta

Eu sou do mundo porque dele eu me alimento.

Eu olho para o céu e vejo uma borboleta amarela. Olho para as árvores e vejo as folhas caindo e dançando ao sabor do vento. Olho pra junção do piso e vejo células. Vejo animais. Vejo o homem. E vejo também o terror e a violência e a morte. E entao eu me alimento.

Eu sou do mundo porque dele eu me alimento.

E eu digo que a borboleta deve me seguir e então ela entenderá o mundo. Pois eu só entendo aquilo de que me alimento. O que eu posso provar, sentir, tocar, cheirar. Eu só entendo aquilo de que me alimento. Eu vejo um carro, um caminhão, um ônibus. Eu vejo as pessoas e as coisas que elas criaram. Eu desejo uma garota ou um rapaz. E então eu me alimento.

Eu sou do mundo porque dele eu me alimento.

O mundo já estava aqui quando eu cheguei, mas ele vai morrer um pouco quando eu partir. Porque eu não entendo o destino e nem a ele pertenço. E mesmo assim eu ancontro na rua alguém em quem estava pensando. Mas esse alguém não me reconhece. Nunca me reconhecem. Eu nunca sou o mesmo pois eu entendo o que me transforma. Eu me alimento do que me transforma.

Eu sou do mundo porque dele eu me alimento.

E mesmo assim eu não acredito em deus. Que tolo eu sou. Que tolos são vocês, que atribuem todo este mundo a um ser maior, melhor, mais sábio e presente. Não entendem que tudo aqui existe por nossa causa. Se todos percebessem que tudo isso é sobre todos nós. Se todos entendessem que somos especiais. Que pertencemos ao mundo, porque dele nos alimentamos. E ele nos pertence, porque de nossa matéria ele se alimenta.

Eu sou do mundo porque dele eu me alimento.

E o que chamamos de vida é apenas retroalimentação.

See Ya

PS: depois de um pequeno recesso, vamos ter muito mais Fabricio por aqui! Obrigados aos que continuaram vindo aqui mesmo quando não tinha nada de novo. Ainda não sorteei o presente de Natal. Mas faço isso logo.