13.8.03

Tédio

A sensação é de paralisia cerebral.
Milhares de acontecimentos. Cenas passando a 48 frames por segundo.
Observo. Contemplo o caos do cotidiano e a vertiginosa passagem da vida.
Como se isso pudesse animar um cadáver que ainda pensa estar vivo.

Enquanto isso a poderosa e inexorável areia escorre por meus dedos.
E nem o estrondoso ruído da queda das areias do tempo é capaz de despertar minha atenção.

Sou agora não mais que um expurgo.
Um coágulo estacionado diante da pressão sangüínea arrasadora.
Observando.
E nem mesmo 1000 vezes essa pressão podem fazer meus olhos abrirem.

Enquanto isso a poderosa e inexorável areia escorre por meus dedos.
E nem a queda estrondosa de minha atenção é capaz de despertar as areias ruidosas do tempo.

Humanos morrem de fome num lugar.
Humanos disperdiçam suas breves vidas em todo lugar.
Uma guerra explode em qualquer lugar.
E isso nada muda. Por que é tudo sempre tão igual?

Enquanto isso a poderosa e inexorável areia escorre por meus dedos.
E nem o despertar do tempo do ruído arenoso é capaz de cair na atenção estrondosa.

E fosse este meu fim, seria também o começo.
Pois nada é tão igual quanto dois dias diferentes.
E quando (não) faz diferença, todos os dias são iguais.
Mas quem se importa?

See Ya