24.9.04

Minha vizinha gostosa virou estrela pornô

Existem algumas mentiras universais, todos sabem disso. E uma delas é homem que diz que não gosta ou não vê pornografia. O sujeito pode até alegar que acha meio sem graça e repetitivo, mas se disser que não gosta, pode apostar, leitora, que é mentira.

A pornografia entra na vida dos homens antes de sermos homens. E no início não tem quase nada a ver com sexo, mesmo por que muitos de nós conhece o primeiro muito antes de entender do segundo. O mundo pornográfico se deixa adentrar, por assim dizer, pela porta do proibido, da curiosidade. Dinheiro economizado do lanche da escola, a frustração e a vergonha de ver que é uma mulher que fica na banca de jornais, as estapafúrdias tentativas de fazer cara de paisagem enquanto se tenta comprar uma revista, as formas de esconder a revista no caminho de volta, a excitação de abrir o pacote e violar um mundo que pertence aos adultos, todo um novo leque sensorial inquietante e viciante. E a estranha sensação de vazio que se sente enquanto toda aquela tensão é levada pela descarga.

E pornografia também mexe muito com nossos conceitos do mundo e das pessoas. "Nunca imaginei que duas garotas teriam tanta vontade de fazer... isso... só por terem encontrado esse troço esquisito de borracha dura!! Ahhh!! Por isso Camila e Tatiana sempre vão juntas ao banheiro!!!". Quantas coleguinhas de classe e trabalho e pessoas inventadas você já não imaginou cedendo seus lindos rostinhos para aquelas fotos, leitor?

E não pensem que com o tempo esse gostinho desaparece. Ele pode mudar de simples curiosidade e adrenalina para deleites imaginativos do que se gostaria de fazer, ou para quentes lembranças do que já se fez. O fato é que revistas viram filmes, que viram sites e que repentinamente isso pode ser partilhado com aquela que divide conosco lençóis e gemidos. E pensar que tanta gente não expõe esse seu lado a seus parceiros! Mulheres que tem ciúmes de filmes e fotos. Homens que não conseguem encaixar naquelas fotos que tanto esquentaram suas adolescências justamente o rosto e o corpo da pessoa que melhor poderia satisfazê-lo. Mulheres que acreditam que se tornariam meros objetos se se deixassem colocar no lugar das fotos. Homens que acreditam na mesma besteira.

A despeito de toda sua tônica individualista (punhetisticamente falando, claro), a pornografia pode ser descoberta não como algo degradante para o amor e para o sexo, como alguns sociólogos dizem, ou algo profano e não-natural, como podem dizer religiosos (que no fim não entendem porra nenhuma de sexo, por partirem, simplesmente, do princípio errado de que o ato, entre os humanos, tem função puramente reprodutiva), mas sim como uma ferramenta, um adicional, um outro meio de dar prazer pro outro, de transformar toda essa energia libidinosa em algo extremamente satisfatório.

E, por favor, vejam isso tudo pelo lado do usuário e inveterado consumidor de pornografia. Eu não falei sobre a indústria da pornografia, ou sobre todos os usos indevidos (desde pedofilia até transformarem a novela das oito em filme pornô velado) que se pode fazer dela, além de todos os desastrosos desfechos que se pode ter com ações descuidadas e sem consciência no uso do sexo e da libido e da pornografia. Isso daria um outro post, certamente.

See Ya

PS: Karine, que papo é esse de achar que eu estou bravo ou chateado com você? Endoidou de vez, foi, mulher? Eu te adoro!!!