22.9.04

But nobody's listening

Eu nunca havia estado num show daquele tamanho, num estádio, ou com dimensões sequer parecidas. Foi absurdo passar pela massacrante fila, acompanhada da desorganização total da polícia e dos organizadores (?) do evento, para entrar. Contudo, ainda acho que foi válido, especialmente considerando o que me esperava do lado de dentro.

Charlie Brown Jr. abriu o show. A música dos caras é simplesmente perfeita: ritmo, batida e jinga de um bom hip hop, salpicados com rock de boa qualidade. E a cereja do sorvete só poderia ser um teen quarentão, com nome de moleque e cabeça tão alienada quanto qualquer um de seus ouvintes da noite: Chorão. O discurso mais batido do mundo, especialmente pra mim que ouço rap e hiphop desde os 14 anos, não era pra ser ouvido. Ninguem estava escutando nada ali. Contra o discurso e todas as bandas que o levam como bandeira, eu posso dizer que todos estão completamente alienados, encaixotados e padronizados dentro da praga do Politicamente Correto. Era esperado que as palavras fossem aquelas. Era esperado que o Chorão posasse de líder rebelde radical. Mas pensem um segundo e tentem imaginar que tipo de líder rebelde atual permitiria seus clipes de passarem ou gravaria um acústico na MTV, subsidiária de uma das gigantes americanas, a mesma força política contra quem eles "lutam". É tudo parte do espetáculo do Politicamente Correto, por menos que Chorão, sua trupe e seus ouvintes entendam de política.

A favor do mesmo discurso e das mesmas bandas, tenho a dizer que Chorão também brincou com o público, mostrando que não se leva tão a sério assim, e o discurso inflama e o som descarrega, agita e faz pular 79.988 pessoas de uma só vez, enquanto dois velhos bocejam. =) Nunca pulei, cantei, chutei, girei e berrei tanto em público. estaba lá para me divertir e apesar de gostar de usar o cérebro mesmo nessas horas, me diverti. E muito.

E pra acabar de destruir minhas pernas, costas e cordas vocais, Linkin Park. Eu não poderia imaginar algo tão bom pra fazer em companhia de 80 mil pessoas. Alucinante, empolgante e completamente acima da escala de diversão, Linkin Park entrou em cena com Don't Stay e deixou o palco com One Step Closer. Neste intervalo mostraram simpatia, interação com o público e, mais importante, competência no palco. O esmero de versões e variações que eles tocaram fizeram o som da banda ainda mais interessante e hipnotizante. Tocaram até mesmo Wish, do Nine Inch Nails, o que fizeram muito bem. Pena que quase ninguem conhecia. Pena que nem todos sabiam as letras que estavam cantando. Única ressalva de fã: não tocaram Nobody's Listening inteira e não tocaram By Myself. Fora isso, foi um momento que se tornou inesquecível. E felizmente minhas palavras não são capazes de passar para vocês o que, de fato, foi o show. Quem viu, viu. I was listening.

See Ya