15.12.03

A queda

Eu nunca simpatizei com Saddam Hussein. Sempre fui a favor da liberdade real e irrestrita, diferente da pregada pelo líder iraquiano, ou por seu nêmesis texano. Mas acho que na manhã deste domingo, Paul Bremer anunciou não só o início da reta final da derrota dos rebeldes iraquianos, como também uma derrota de um mundo democrático e livre perante o império de George W. Bush.

Se eu nunca desejei que os vilões desse filme B (produzido pelos americanos e protagonizado por figuras como a ONU, Tony Blair, Saddam Hussein, e muitos figurantes civis iraquianos) vencecem no final do roteiro, também nem passei perto de desejar a vitória dos mocinhos. A captura de Saddam Hussein dará força à mídia conivente para ignorar ainda mais o fato de nunca terem encontrado qualquer arma de destruição em massa. Ou nunca deixará vir à tona o que tem sido feito com os poços de petróleo sob controle americano. Também impulsionará a campanha de reeleição de Bush, mesmo que ele não precisasse disso, como não precisou na forjada eleição anterior em solo norte americano.

E se eu fosse inocente o suficiente, ainda me restaria a esperança de ver o senhor Koffi Anam declarando que Hussein deveria ser entregue às forças da ONU. Que os americanos teriam livre acesso a ele, mas que sua integridade física e mental deveria ser vigiada pela Organização das Nações Unidas. Isso seria a piada do ano, ver a cara de bosta dos americanos, tendo seu pirulito tomado de suas mãos. Isso não diminuiria a grandeza da operação de captura, nem seu impacto sobre as forças rebeldes iraquianas, mas certamente seria um golpe duro contra os americanos e sua impáfia de salvadores do mundo.

Com a queda definitiva de Saddam Hussein, cai por terra também a última esperança que eu tive um dia, de que os americanos aprenderiam algo depois dos ocorridos de 11 de setembro de 2001, e iriam repensar seu papel de invasores e destruidores de qualquer cultura não-americana. Para Saddam eu só posso dizer: você está para entrar no pior momento de sua vida, sofrer humilhações, torturas e ainda ser alienado e idiotizado pelas forças americanas. Não se preocupe: como todos nós, você também vai se acostumar.

See Ya