16.11.03

Lenda Urbana

Wassily Kandinsky foi um dos maiores revolucionários do último século. Ainda um garoto pobre da Rússia, fascinou-se pelas pinturas de Claude Monet e pela música de Wagner. O estopim foi a fusão das sensações transmitidas a ele pela obra destes dois artistas, que resultaram nas criações inconcebíveis e inaceitáveis para um povo acostumado ao rígido, ao pré-determinado e aos padrões de uma vida regrada, no início do século XX. Taxado como insano e sem talento, ele tornou-se o pai da Arte Abstrata.

Admiro a forma como Kandinsky expressava-se. E não me refiro tanto à arte abstrata, da qual nem sou tão fã. Falo mesmo é da lucidez dele. Não foi um artista descabido, sem amigos, que internava-se em seu estúdio e trancava-se em seu cérebro. Não foi anti-social ou agitador popular contra o panorama político na Rússia. Tinha amigos, fazia piadas, participava de festas e exposições. E talvez isso fosse o que mais assustava seus críticos. Diante de seus desafetos agia simplesmente como se não pudessem entender o que ele havia deitado sobre a tela. Se não era bem vindo, retirava-se. Mostrava toda sua rebeldia e genialidade nos quadros e na forma de lidar com os efeitos que estes traziam. Foi objetivo, embora dizer isso quase faça não acreditar que fosse capaz de exprimir toda a abstração de sua obra.

Dizem que há uma obra de Kandinsky que não pode ser entendida. Outros vão mais longe e dizem que a obra não pode sequer ser vista por pessoas sem um nível elevado de inteligência. São efeitos que ele não previa, mas que casaram completamente com sua proposta e carreira artística.

Reproduzi a figura logo abaixo, para que vocês possam certificar-se de que podem enxergá-la e até mesmo entendê-la. Não acredito nessa Lenda Urbana e não tive qualquer problema em ver e entender a figura, o que prova que qualquer inteligência mediana, como a minha, pode desfrutar de mais esta obra do pai do abstrato.



See Ya