25.3.04

Submerso

Um, dois, três, quatro. Ar.
Braço, braço, braço, braço. Boca.
Uma faixa preta mostra o caminho.
Mostra a hora de parar e a hora de voltar.

Contagem. Cálculo. Concentração.
Não pense, não pense, não pense, não pense. Respire.
Contagem. Cálculo. Um a menos. Faixa preta. Fim da linha.
Vinte e uma, vinte e duas. Tantas voltas e tantas idas.

É quase como voltar ao útero.
Um pouco maior, em proporção.
Lá eu não pensava.
Aqui eu engano meu cérebro e me coloco em stand by.

Meus pensamentos são balões.
Ficam na superfície quando eu afundo na água.
Meus pensamentos bóiam. Reviram, se perdem. Dão voltas.
Eu desço e me encontro, no leito das águas.

Mas tudo não passa de matemática.
Meu cérebro cuida de tanta coisa.
Ar. Movimento. Velocidade. Orientação.
Esquece de pensar e me deixa em paz por alguns minutos.

Submerso e absorto.
Sob a água somos todos diferentes.

See Ya