26.4.06

Você quer ser feliz ou coerente?

Isso aqui começou como um comentário, mas ficou grande demais e acabou virando um post (acho que é nosso primeiro "post-debate" heheh...).

Sabe o que eu acho? À medida que vou ficando mais velho -- e neste exato momento sinto-me com mais de cem anos -- cada vez mais me convenço que essa história de olhos reais, boca real, mão real, pensamentos reais, face real, é o desejo de que haja uma essência que, ao fim e ao cabo, é bem provável que nem sequer tenhamos. Será?

A idéia que anda dançando na minha cabeça é de que na realidade (olha a "palavra maldita" de novo) não existe essa tal face real e nem existe a tal da máscara; mas sim faces que mudam a cada instante e uma sucessão de véus que as cobrem.

E aí meu medo cada vez mais palpável é que eu continue nessa de ir tirando -- à força e com muita dor -- os véus e, se um dia conseguir tirar todos, eu descubra que não existe nada sob eles. Ou existe algo que muda tanto e tão rápido que eu não consiga olhar. Ou, olhando, não consiga entender/processar/esquecer e ir além. Será que é desse ir além que você está falando? Honestamente, tenho muito medo. (Covarde, eu, né?)

Então não quero participar da conspiração dos rostos invisíveis. Quero participar da liberdade do porvir sem rótulos; da ausência de cobrança externa e, sobretudo, interna; da transmutação da (in)tolerância ao outro na convivência com a dimensão do outro. E, finalmente, do reconhecimento e aceitação dos Marcelos invisíveis, visíveis, conflitantes, mutantes, que se sucedem aqui dentro...

É, estou meio treze hoje.

Marcelo