18.6.06

Por que me ufano

Sim, eu vou contar vantagem. Se não estiver a fim, passa amanhã.

Faz pouco menos de dez dias, o lugar em que eu trabalho recebeu um prêmio -- bem significativo, aliás -- de melhor empresa no seu formato de negócio. Guardadas as devidas proporções, a linha é "entrega de Oscar": todo o ritual, discursos, troféus, entrevista para programa da Globo, foto para jornal, essas coisas.

Mas o que me motivou a escrever aqui nem foi a premiação em si, mas as coisas que passaram pela minha cabeça em função dela. Essencialmente, fiquei me perguntando porque fomos os vencedores se, afinal de contas, não somos a maior empresa da área; ou a mais rica; ou "peixinho" de alguém poderoso; ou a única do segmento; ou, ou, ou...

Então veio a noite da entrega, em uma casa de shows sofisticada, com um jantar idem e todas as frescuras esperadas. E foi lá que tive o insight que me fez imaginar o principal motivo de termos sido premiados.

Para explicar isso, preciso descrever que são onze categorias de empresas, cada uma com um vencedor. E, destes, há um que é o grande ganhador dentre todas as categorias. No caso, nós :-) . Ah, e uma coisa bem interessante: o critério de maior peso para pontuação é a opinião que os franqueados têm sobre o trabalho do franqueador.

Depois dos discursos das "autoridades presentes" e do jantar já iniciado, foram sendo anunciados os vencedores em cada categoria. E a cada anúncio, as palmas previstas e o breve discurso do representante do ganhador. Até que chegou nossa categoria: as três mesas que ocupávamos fizeram a maior festa, com muito barulho e alegria (tínhamos inclusive aquelas cornetinhas infernais da Copa). Sabe a delegação do Brasil na abertura das Olimpíadas, em comparação com as dos outros países? Pois é.

Claro que, depois de nós, as outras vencedoras também começaram a ser mais ruidosas. E, ao final, quando anunciaram que éramos os melhores dentre os melhores, fizemos nova festa, ainda mais animada. Até foto com a língua no troféu nós tiramos (bando de adolescentes bobos heheh).

Tá, e o que isso tudo tem a ver com o tal insight? Tem a ver que, apesar de não termos um monte de grana, escritórios luxuosos, tecnologia avançadíssima, etc., que vários concorrentes têm, somos um grupo de pessoas que adoram o que fazem, onde fazem e com quem fazem. E isso percebe-se no nosso cotidiano -- que tem, sim, problemas, erros, excesso de trabalho, falta de instrumentos; mas que, no fim das contas, dá muito mais a sensação de realização do que de obrigação, e dá muito mais prazer do que encheção de saco.

Resumindo, esse prêmio -- que junta-se a vários outros, felizmente -- é uma forma de validação de um trabalho bem feito e feito com gosto. E, pessoalmente, é muito legal a sensação de que o que eu faço e a minha presença contribuíram para que isso acontecesse...

PS: Mudando de chuchu para abobrinha: sei que o assunto já esfriou, mas na mesma semana do ataque do PCC (ver post do Fabricio abaixo) estive no Rio de Janeiro. A princípio, imaginei que os cariocas usariam a oportunidade para "tirar barato de paulista", numas de "tá vendo como não é só aqui?". Para minha surpresa, o que aconteceu foi exatamente o contrário. As pessoas com quem conversei em vários contextos (colegas de trabalho, taxistas, pessoas na praia...) foram sem exceção solidárias, dizendo coisas como "que chato o que está acontecendo lá em São Paulo, né?". Ao despencar da minha mediocridade (!), achei legais as manifestações -- e me ocorreu que no Rio esse tipo de violência está de tal forma presente que já não dá para brincar com algo que faz sofrer tanto...