Muitos são os perigos que espreitam nossa frágil espécie nesse mundo. Enquanto muitos pensam poder se gabar de sermos a raça dominante e predadores mais poderosos do planeta, criaturas que vivem sob lagos e pedras e dentro das sombras nos vigiam, nos observam, aguardando um relance de nossa falsa modéstia e nosso excesso de confiança.
Se as cultuamos, ou as caçamos, ou as estudamos, não faz muita diferença. Sempre o que podemos ver dentre as frestas de nosso obtuso conhecimento é o que nos levará à loucura de querermos mais, ou ao tórrido, vertiginoso e emaranhado momento de nossas mortes, nas mãos e bocas e tramas destas aberrações que nos cercam onde quer que estejamos.
Talvez seja ao largo de um bosque, ou ao fundo de um lago revolto, ou mesmo na ágeis sombras de uma sala de cinema. Eles nos encontrarão e de nossos esquálidos corpos tirarão nosso último suspiro, expirado em agonia, como uma criança que não sabe o que se esconde no fundo de uma armário esquecido e poeirento.
E além de nossas pútridas carcaças restarão os conhecimentos que nunca tivemos, os horrores que nunca vimos, as histórias que nunca contamos, além, é claro, de certas patas, garras ou tentáculos pegajosos afastando-se satisfeitos dos restos de corpos e almas que deixaram em seu caminho.
Meu amigo, esperamos todos que você possa descansar em paz. Esperamos que sua alma não esteja se debatendo em algum recanto fétido e sombrio de um lugar para onde todos nós, mais cedo ou mais tarde, também iremos.
See Ya