Não posso dizer que tenha gostado de muitos filmes do diretor alemão Wolfgang Petersen. Com distância de dez anos entre cada filme dele que apreciei (Inimigo Meu, de 1985, e Epidemia, de 1995), Tróia acabou se adiantando um pouco, e de forma nenhuma me surpreendeu: eu já esperava um épico de tirar o fôlego, uma produção forte e cativante, como nas velhos histórias de heróis.
Apesar de um pouco cansativo em seus primeiros minutos, logo que o filme é embalado pelas dúvidas e tensões entre seus protagonistas é impossível se desligar da sequência de batalhas, sejam físicas, ou psicológicas, que a trama proporciona.
Eric Bana foi uma grande surpresa, pois confesso que não esperava muito do ator que havia encarnado a versão humana do gigante verde babão Hulk anteriormente. Em certos momentos ele foi brilhante e grandioso, fazendo-me lembrar até da atuação de Vigo Mortensen como Aragorn, em Senhor dos Anéis.
E por falar em Senhor dos Anéis, enquanto Sean Bean ficou realmente bom como Ulisses (ou Odisseu), Orlando Bloom foi um fiasco como Páris. Ouvi pessoas dizendo que o papel não era lá essas coisas, mas para o papel do "culpado" pela guerra entre gregos e troianos, Bloom hesitou demais em usar sua capacidade de fazer sentirem pena do garoto inocente e assustado que acredita no amor e no sacrifício. E não soube disfarçar sua extrema intimidade com o arco, adquirida na pele do Príncipe Élfico da Floresta Negra. Ainda posso elogiar muito os papéis de Breseida, Príamo e Agamenon, e dizer que Helena de Tróia estava deplorável, por não ser metade do que deveria ser bonita e por ter o dobro de inexpressividade do que se gostaria.
A produção do filme é impecável e muito bem dirigida, de forma que fatores puramente técnicos não tomaram a frente dos bons atores. O figurino está perfeito, assim como a fotografia está bem dosada e sóbria, algo raro neste momento em Hollywood.
Tróia, trocando em miúdos, realmente possui aquele ar de épico, onde atuações fortes nos levam a navegar por um mundo de histórias grandiosas, cheias de heroísmo e sacrifícios. Acredito que a produção tenha conseguido escapar de muitas falhas comuns no cinema americano atual, especialmente daquela em que os filmes se tornam super produções devido ao dinheiro gasto e ao peso do marketing, ao invés de fazer isso pelo que é mostrado na tela, quando as luzes se apagam.
See Ya